ESTE BLOG MUDOU DE ENDREÇO:
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Se existe uma coisa que eu adoro é planejar uma viagem.
Meu roteiro é sempre assim
1- data – de onde para onde
2-meio de transporte – passagens de avião, trem, ônibus
3-meio de transporte entre o aeroporto e o centro da cidade
4-reserva do hotel – meio de transporte para chegar ao hotel
5-uma listinha dos pontos de interesse na cidade
6-meio de transporte entre o centro da cidade e o aeroporto/estação de trem/de ônibus para a próxima cidade.
E o que mais me fascina, é que sempre dá tudo certo. É possível de qualquer lugar do mundo, planejar a viagem pela internet e quando você chega lá (pelo menos na Europa), salvo havendo nevascas, greves, etc. O avião, o ônibus (do aeroporto à cidade), e o hotel estão lá. No horário e no lugar exatos. Mas pela primeira vez (sempre tem uma primeira vez, né?) havia uma ponta solta. Quando comprei as passagens de Roma para Veneza, não consegui encontrar nenhum meio de transporte, no horário necessário, entre Ternini e o Aeroporto de Fiumincino. Nosso vôo para Venesa Treviso, sairia às 7 da manhã.
– Quando chegar lá, eu resolvo. Sempre tem um jeito… Táxi ou algum serviço reservado pelo próprio hotel (pensei). Nada disso. Reservar um táxi, era correr o risco de ficar esperando (para sempre) na rua e de madrugada, segundo a gerente do hotel. Poderiámos tomar o trem no último horário da noite (10 e meia) e “dormir” perambulando pelo aeroporto, como almas penadas ou arriscar perder o vôo, pegando o primeiro trem, assim que amanhecesse. Duas moçoilas sozinhas… Tomei a decisão que me pareceu mais sábia e segura. De uma tacada só, foram vários prejuízos: abortamos a última noite no hotel (ah que arrependimento!) , o vôo da Ryanair (ah que saudades!) e compramos duas passagens no trem noturno de Roma para Veneza. Roma Tiburtina 23:00 -Venezia St Lucia0 5:3o. Muito $$$$$ mais caras do que as passagens de avião na Ryanair. Isso, porque escolhi as mais baratas, já que as mais caras (e talvez bem mais confortáveis) eram no trem rápido e chegaríamos às três da manhã em Veneza. Não era o mais recomendável…
–Vamos dormir a noite inteira e chegamos já dentro da cidade, nem precisa de ônibus (doce ilusão!!!) Foi de longe a maior furada, o maior perrengue, a pior noite, ever!!!!
Sem saber o que nos esperava, fomos animadíssimas para a estação. A primeira perna, era de Termini (estação central de Roma), para Roma- Tiburtina (estação de trem fora do centro). Para começar, rolou a dificuldade de encontrar a plataforma, já que no quadro de partidas e chegadas, não habia nenhum trem saindo de Roma Termini e chegando em Tiburtina. Por adivinhação, e pelo horário, conseguimos encontrar nosso trem, que vinha de outra cidade e passava por Ternini… e mal contínhamos a alegria de ver o trem confortável, limpinho e quase vazio.
Saltamos em Tiburtina, e também por adivinhação e pelo horário no quadro, achamos a nossa plataforma. Já nesse momento eu pensei: não é bem isso que eu tinha imaginado.
Quem dera fosse esse trem aí da foto…. Quando nosso trem finalmente chegou, eu tive certeza que tínhamos entrado na maior roubada de todas! Uma correria absurda para todo mundo entrar. O trem tinha um corredor estreitíssimo, pelo qual todos os sêres e suas bagagens tinham que circular num vai e vem atropelado, a fim de encontrar sua cabine e respectivo assento (pelo menos era numerado). Parecia um caminhão de bóias frias ou de retirantes refugiados sobre trilhos. Algumas pessoas (?) carregavam verdadeiros containers. Para chegarmos à nossa cabine, tivemos literalmente que subir por cima de um desses volumes enormes que simplesmente bloqueava a passagem. Quando enxerguei nossa cabine e abri a porta, meu instinto maternal aliado ao de sobrevivência me fez querer sair dalí imediatamente. Já era tarde. O trem já estava em movimento.
A cabine era um cubículo, com 3 bancos contíguos de cada lado. Três ocupantes. Um homem provavelmente indiano, um outro homem enorme aparentado com o Shreck , e uma mulher (que estava sentada no meu lugar), que usava uma touca, tipo Carlinhos Brown, onde provavelmente caberia toda a sua bagagem, mas deveriam ser só os dreadlocks rastafari mesmo. Era a mais mal encarada. Não sei de onde tirei coragem para articular a frase: YOU ARE IN MY PLACE! Provavelmente foi instinto maternal, pois se ela não saisse eu e Carol ficaríamos separadas. Assim que realizamos que estávamos numa roubada, nos entreolhamos e em absoluto silêncio, tentamos nos acomodar e nos conformar. Sete horas, sete horas intermináveis nos separavam de Veneza-ST Lucia.
Como tudo que tá ruim, pode piorar, depois que sentamos, naquele banco duro em formato de L, alguém apagou a luz. Breu total. Paniquei. E eu Carol temos insônia!!! Mas para ajudar ainda mais o nosso desespero, o trem era…. parador! E lógico, na próxima estação, entrou a sexta elementa que faltava para que a cabine ficasse irrespirável e completamente claustrofóbica. A criatura era alta e grande. Com apenas um dedo apontado, e um olhar desafiador, a moça tirou o Shreck da janelinha e sentou-se bem à minha frente. Em questão de segundos, se esparramou e dormiu. Pronto! Não tínhamos luz, nem espaço para um movimento sequer, nem ar. Tres pessoas de frente para tres pessoas . Eu e Carol entaladas no fundo, junto à janela (que tinha um protuberância, impedindo até o mais inocente encostar da cabeça) e os outros, se espalharam, esticando as pernas sobre o banco e a pessoa da frente. Sete horas e muitas paradas depois….
Conto mais no próximo post, até!
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